quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cap. 3

A tarde com sua quase cunhada foi muito agradável. O mesmo não aconteceu com a conversa com Heitor no telefone.
Ele reclamou da ausência da garota.
_Você não tem razão no que diz! Foram dias em que eu tinha um monte de coisa pra fazer, eu não estava a toa.
_Eu sei Paula, mas eu queria conversar contigo, esperei muito por isso, é tão melhor te ver pessoalmente e não pela tela do computador.
Paula ficou em silêncio.
_ Mas vamos parar com essa discussão! O que acha de sairmos para comer um lanche?
_Ai Heitor... acho que não vai dar. Saí a tarde toda, meu pai não vai deixar eu sair de novo. Ah... inclusive conheci sua irmã.
O rapaz não esboçou grandes reações.
_ Legal. Bom, vou desligar, já que você não quer sair comigo, vou sair pra comer com algum amigo.
_Não é que não quero, não posso!
_Tchau.
E Heitor desligou. Paula sentiu a sua face avermelhar-se. Ficou com raiva e também.
Se jogou na cama e abraçou “Balu” seu velho ursinho. Vários pensamentos passavam por sua cabeça.
“Porque ele está assim? Nem meu namorado ele é! Será que se namorarmos um dia, ele cobrar mais de mim?”
A porta se abriu.
_ Paulinha? Está dormindo?
_Não, pode entrar Lú.
_ Agente acabou não conversando muito né?
Luciana e Paula eram primas, moravam na mesma cidade mas conversavam mais por computador do que pessoalmente.
Paula sentou-se na cama.
_ Menina! Eu vi o Heitor ontem no casamento! Eu já tinha visto por foto, mas pessoalmente.... maravilhoso!
_É...e ele é bonito sim.
_Ué... que desânimo é esse?
_Discuti com ele agora pouco. Na verdade, desde que cheguei aqui não conseguimos conversar sem brigar.
_Como você consegue brigar com aquele homem perfeito?
_Lú! É sério!
_Tá bom, mas que ele é perfeito, ele é!
_ É, mas se acha dono de mim. Quer que eu fique falando com ele, ligando a todo momento.
_Sei, ele quer que você corra atrás dele, não é?
_É, deve ser... mas é ruim hein que eu corro atrás de homem.
_Ahan, te conheço bem!
_E aí ele fica cheio de mau humor.
Lú cruzou as pernas e continuou prestando atenção.
_Tem coisas que ele não entende. Meu pai regula meus horários e ele quer que eu fique saindo com ele toda hora.
_ Isso tem um nome: diferenças de idade.
_É, pode ser. Acho que talvez isso atrapalhe bastante nosso relacionamento. Às vezes que falo que não posso sair porque meu pai não deixou, ele não acredita! Acha que eu que não estou querendo ir.
_Mas porque seu pai regula tanto assim? A Marina começou a namorar com a mesma idade não foi?
_Ahan! Mas comigo tudo é diferente. A Mari sempre foi a mais responsável da casa. Desde pequena sabia o que queria fazer quando crescer e sempre esteve convicta de suas decisões.
Paula era realmente muito diferente da irmã. Sempre desfrutou dos benefícios de caçula, e era vista ainda por seu pai como uma menininha.
_Meu pai deixou Marina vir pra cá sem pensar duas vezes. Ela sempre foi madura, sempre soube o que queria... agora se eu quisesse vir pra cá... nem precisava pedir, já sei a resposta...
Paula se aborreceu ainda mais. Estava com muitas dúvidas na cabeça. Sua prima Luciana era sua amiga, mas sentiu de Marina, queria conversar com a irmã.
Ela era mais que uma amiga, muitas vezes dava conselhos como uma mãe.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Cap. 2

Quase meia hora depois, Paula estava na frente do shopping esperando, quando se tocou de algo.
“Perai, como vou saber quem é ela. Nunca vi essa garota antes! E se ela já passou por mim e eu não vi...”
Ainda pensava nisso quando viu um carro prata parar, uma garota descer.
_Tchau pai! Praticamente gritou ela.
_Oi Paula!
A menina olhou pra trás pra ver se era com ela mesmo.
_Ei, sou eu Helô.
Dando um beijinho no rosto.
_Como você sabe que eu sou a Paula?
_Ah... eu vi uma foto sua no pc do Heitor. Mas... você é mais bonita pessoalmente.
_Obrigada.
_ Vamos entrando? Já conhece esse shopping?
Heloisa era tão falante quanto no telefone. Era uma garota bonita. Tinha o cabelo um pouco mais claro que de Paula, olhos vibrantes e pequenas sardas no nariz. Lembrava um pouco Heitor.
Compraram a tal sandália de Helô e foram comer um lanche. O papo das duas ia longe. Quem as visse diria que eram amigas de infância.
_Ah Paula, me diz, conseguiu falar com meu irmão?
_Não. E acho que ele está bravo comigo. Prometi que ia ligar pra ele hoje quando acordasse.
_Mas, vocês estão namorando?
_Não! Estamos orando.
_Orando? Helô que não era cristã não entendia bem o que era orar com um rapaz.
_Significa que estamos nos conhecendo, sem nenhum relacionamento, sem nenhum toque físico.
_Que estranho!!! Mas, enfim, se não estão namorando porque toda essa cobrança dele?
_Ai sei lá, acho que ele ficou meio chateado porque eu não dei muita atenção pra ele ontem, mas poxa... era o casamento da minha irmã, eu tinha muito pra fazer.
_Claro...
_E ai, hoje ele passou lá em frente de casa, dizendo que tinha algo pra me contar...
_Ah, eu sei o que é, ele está sendo transferido pra cá. Vai continuar a faculdade aqui...
Helô pôs a mão na boca.
_Aiiii...acho que não era pra eu falar!!!
_É , acho que não era mesmo.
_E agora? Hum.. quando ele te falar, finge que não sabia de nada.
_Difícil.
_Porque?
_Porque não sei mentir.
_Ah, fala sério, todo mundo mente.
_Não estou dizendo que não minto, mas procuro não fazer isso, sei lá é um propósito que fiz... no começo foi bem difícil, mas vai passando o tempo, você acaba se espantando quando mente.
_Você é bem diferente! Mas entendo, meu irmão tem dessas também.
Paula ficou triste por sua nova amiga não ser Cristã, mas neste momento sentiu um desejo enorme de falar de Jesus.
Porém, Paula tinha uma enorme dificuldade que a atormentava à anos: ela tinha vergonha de sair falando para todos os cantos sobre Jesus.
Sentia raiva de si mesma. Via muitos jovens em sua igreja, saindo nos sábados à tarde pelas ruas de sua cidade evangelizando, mas ela simplesmente não tinha coragem de parar uma pessoa na rua e falar de Cristo.
“Oh Deus, sei que estou errada! O Senhor nos diz que temos que ser luz! O senhor sabe das minhas dificuldades, mas só te peço: usa-me!”
Paula fez essa oração silenciosa.
_Oi... ficou muda de repente...
_Ah, desculpe...mas do que falávamos?
_De Heitor!
_Ah... chega de falar de seu irmão, fale-me de você!
_ Ah.. minha vida é horrível!
_Porque???
_Nada acontece! Nada é bom!
_Conta!
_Ai sei lá... eu me sinto meio deixada para trás! Meio atrasada sabe? Eu não tenho muita vida social, muitos amigos...
_Hum...
_É que tipo, as meninas da minha sala, todas ficam com os garotos. E eu não gosto muito disso, quero namorar sabe. Acho meio vulgar. Um dia uma menina está com um, aí no mesmo dia está ficando com outro... eu simplesmente não consigo isso! E também, eles fazem umas festinhas meio estranhas sabe?
_Estranha como?
_Ah, uma música alta, todo mundo bêbado, gritando... eu fui uma vez e não quis ir mais. Aí, o pessoal nem conversa muito comigo. Sou vista como a nerd da sala. As garotas nem falam comigo porque o papo delas é ficar, beber, beijar, e acabo ficando de lado.
_Ah, mas acho que podemos ser amigas! Eu volto pra minha cidade daqui 4 dias, mas de lá podemos conversar pelo computador.
_É... legal... mas seria tão bom se você morasse aqui... seria a primeira vez que eu teria uma amiga de verdade, minha vida não seria tão chata assim!
_Pena mesmo, lá em minha cidade, até tenho amigos, muitos se aproximaram de mim depois do acidente, mas uma amiga bem próxima assim, também não tenho.
_Acidente?
_ O Heitor não falou?
_Ah... agente não conversa com muita freqüência.
_Hum.. então, ano passado, estávamos vindo aqui pra Alvorada, para conhecer minha sobrinha Eduarda que tinha nascido. No meio da viagem, sofremos um baita acidente.O ônibus bateu de frente com um caminhão. Morreu até uma pessoa!
_Nossa!!!
_E eu, que era uma das passageiras que sentava bem lá na frente fiquei bastante ferida, e depois de alguns dias soube que não andaria mais.
_O que? Helô falou alto.
_Foi um choque pra mim também. Passei dias chorando.
_E aí?
_Aí, que Deus em um sonho, falou que eu voltaria a andar. Algum tempo depois, eu estava sentada e de repente, senti minhas pernas novamente.
_Assim do nada?
_Assim do nada! Mas não por acaso! Isso só aconteceu porque Deus quis, porque Ele me ajudou! Quando senti minhas pernas, um monte de médico me observou para ver o que havia acontecido, e eles não entendiam como tinha sido possível. Me disseram, que eu podia fazer fisioterapia em 8 meses, e em cerca de um ano e meio estaria andando com muletas.
_ E foi?
_Não! Em 15 dias eu estava fazendo fisioterapia e em 3 meses eu estava andando sem muletas!
_Caramba! Deus fez isso?
_Não tenho a menor dúvida!
_Poxa, fiquei impressionada com Ele agora. Heitor fala às vezes lá em casa, “desse Deus” mas eu não tinha ouvido nenhuma história assim!
_Ele é maravilhoso!
Paula reparou o semblante de Helô. A garota estava séria e pensativa.
Foi então que Paula percebeu que falou de Deus para alguém! Seu coração acelerou. Ficou muito feliz pois sabia que Deus a havia ajudado!